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quinta-feira, 18 de julho de 2013

Corretor da Madrugada : Baladas e Feiras Noturnas…que farra?

 

Já passa da meia-noite e um engravatado se encaminha a um dos boxes do Mercado Municipal de São Paulo, onde a partir desta hora são vendidas frutas para os atacadistas e recebidas as mercadorias para o dia seguinte.

Invertendo os papéis, o corretor Nilton Fernandes Beato, de 39 anos, vai ao mercado em busca de clientes, gente interessada em comprar apartamentos durante a madrugada.

Vendo imóveis para quem trabalha à noite e para quem curte a noite. [...] estou na madrugada e vendi 14 [apartamentos]"

Nilton Fernandes Beato, corretor

O nicho inusitado foi descoberto por acaso. Corretor há cerca de oito meses, Beato não tinha conseguido vender nenhum apartamento, atender nenhum cliente. Até o dia em que ficou depois da hora no estande e conseguiu o primeiro interessado. Nascia ali o corretor da madrugada. “Vendo imóveis para quem trabalha à noite e para quem curte a noite.

Estou há oito meses trabalhando como corretor. Em quatro, não vendi nada. Nos outros quatro, estou na madrugada e vendi 14”, diz Beato. Em junho, ele foi o segundo maior vendedor entre os 3 mil corretores com quem trabalha.

Entre os negócios fechados por Beato estão apartamentos na avenida Brigadeiro Luis Antonio (na região central da capital), de 40 e 57 m², por até R$ 450 mil, e no Brás, de 53 e 63 m², por até R$ 400 mil. Em Campinas, vendeu imóvel no bairro Cambuí, de 46 e 65 m², por até R$ 420 mil.

Beato começou a nova rotina perto da balada, abordando quem estava a caminho de uma boate ou de um teatro, que ficam no centro de São Paulo. Vendeu seis apartamentos. “Tem casal namorando, sonhando em ter apartamento e você chega oferecendo um, eles pensam”, conta Beato.

Nilton Fernandes Beato, corretor nas madrugadas de São Paulo (Foto: Reprodução)Nilton Fernandes Beato, corretor nas madrugadas,
oferece imóveis em São Paulo (Foto: Reprodução)

A filha da gerente comercial Mônica de Andrade e o namorado dela foram um dos casais que caíram nas graças de Beato na madrugada.

A caminho da balada, a moça viu o estande, armado com bebidas para seduzir os clientes, e levou o material informativo à mãe. No domingo, durante o dia, Mônica e o marido foram conhecer o empreendimento e, na segunda-feira, fecharam a compra de duas unidades. “Eu nunca ia imaginar que tinha apartamento sendo vendido de madrugada. Achei uma baita sacada”, diz Mônica, de 46 anos.

Eu nunca ia imaginar que tinha apartamento sendo vendido de madrugada. Achei uma baita sacada”

Mônica de Andrade, gerente comercial

Mercado Municipal


Acabadas as unidades em São Paulo, Beato foi vender apartamentos em Campinas. Como não encontrou balada perto dos imóveis, surgiu a ideia de peregrinar pela Ceasa-Campinas (Centrais de Abastecimento de Campinas). “Eu fornecia frutas no Paraná, principalmente uva, por isso sabia como funcionava à noite”, conta. Vendeu mais oito apartamentos e se tornou o segundo maior vendedor do ranking de 3 mil corretores da empresa em que trabalha.

 

O Mercado Municipal é o terceiro lugar por onde ele circula. “Esse pessoal que trabalha não tem dia livre. Trabalham durante a noite e não têm tempo, então eles preferem olhar durante a noite. Quem está na balada aproveita para ver o apartamento sem tanta gente”, diz Beato. “A balada é melhor, sempre tem filho de papai, né?”

Esse pessoal que trabalha não tem dia livre. Trabalham durante a noite e não têm tempo, então eles preferem olhar durante a noite"

 

Para vender, Beato carrega os folders do imóvel e não poupa o gogó – explica o empreendimento, a localização, insiste, volta

. Empolgado, ele diz que chegou a trabalhar 24 horas seguidas, fazendo o horário normal e a noite. Hoje, entra por volta das 14h quando vai "fazer madrugada".

No Mercado de São Paulo, fala com oito, dez proprietários de boxes por noite.

Um deles é Moacir Dib, 61 anos, que está negociando um apartamento no prédio Estação Brás, da incorporadora Setin, que custa cerca de R$ 360 mil. “Acho que ele teve, sim, uma boa ideia de vender na madrugada. Não muda comprar na madrugada ou de dia, acho que tudo é questão se serve, se cabe pra gente”, diz Dib, que trabalha há 36 anos

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